Quando estava fazendo o curso científico no Rio de Janeiro, tive um colega na MABE, que se notabilizava pela dificuldade de entender as coisas. Ganhou o apelido de Jânio Quadros, não só por ser exatamente o contrário de eminente homem público, que se notabilizou pelo português escorreito que falava, como também por sua aparência no trajar – era mal amanhado, tinha o cabelo liso e desalinhado, e portava muita caspa. Os colegas diziam que ele era uma legítima “CASPACIDADE”. Certa feita o célebre professor Armando Frazão (grande cientista) perguntou numa prova, qual era um famoso parasito di-hétero-xeno, endêmico da África? Querendo responder que era o “tripanosoma gambiensis”, transmissor da doença do sono, cujo hospedeiro intermediário era a mosca Tsé-Tsé e o secundário o antílope conhecido por “Pala-Pala”, “Giant Sable” ou “Palanca Negra”, respondeu: “É a mosca Tsé-Tse, que vive na África e a vítima no Brasil”. O professor Frazão comentou: “Olha que eu já rodei meio mundo – ensinei em Cambridge, Oxford, nas diversas faculdades de medicina do Rio de Janeiro e de São Paulo, fui seriador do Museu Nacional, Diretor do Jardim Botânico, concluí os estudos sobre o parasito transmissor do tifo hexantemático (Riquetzia Provazequia) e nunca tive a ventura de ouvir uma “coisa tão genial”. Não bastasse esta, saiu-se com outra na aula de química orgânica, cujo mestre era o Dr. Castilho, Diretor da Faculdade Anemaniana de Medicina do Rio de Janeiro. Explicava o mestre que determinado hidrocarboneto era formado por tantas moléculas de hidrogênio e outras tantas de oxigênio. Quando combinadas em determinada proporção formavam aquele elemento químico, com sobra de uma molécula de água. Jânio Quadros perguntou? Professor se dobrarmos a quantidade o que acontece? Castilho respondeu: Teremos o dobro do hidrocarboneto e sobra de duas moléculas d’água. Reinquiriu Jânio: E se for três vezes? Três vezes o hidrocarboneto e três moléculas d’água de sobra. Voltou Janio a inquirir: E se forem quatro vezes? Castilho, irritado respondeu: Meu filho preste a atenção: tanto faz uma vez, duas vezes, três vezes, dez vezes, cem vezes, mil vezes, um milhão de vezes, a proporção será sempre a mesma – MESMO QUE SEJA UM PORRILHÃO DE VEZES, entendeu? Janio respondeu: Entendi não”.
Quando estudava em Salvador, no Colégio Antônio Vieira, tive excelentes professores. Entre eles o Dr. Raul Sá, que ensinava Português e História. Ele gostava muito de valorizar alguns detalhes, aparentemente sem maior importância. Nas provas escritas costumava fazer uma dessas perguntas, valorizando-a e atribuindo-lhe grande nota. Numa prova de História perguntou: Quem foi Coriolano? Quase ninguém lembrava-se daquele personagem. Teria sido um soldado romano que detectou durante a noite a chegada sorrateira de um exército inimigo e acordara seus companheiros, que os rechaçou. Também atribuiam o alarme aos gansos. O incidente chegou a ser apelidado de “OS GANSOS DO CAPITÓLIO”. O grande problema é que nenhum aluno se lembrava desse fato histórico. Havia na nossa turma um “colored” super rico e elegante chamado Alfredo Loyd George, que rindo disse: “Essa só eu sei” e negava-se a ensinar a resposta aos colegas que lhe dirigiam a pergunta. Com a correção das provas descobriu-se a resposta de Alfredo, que lhe valeu a expulsão do colégio. “CARALHO DO CHAPÉU DE PANO”.
Outro colega de internato, Alderico, era também um tipo foclorico, e terminou por ser expulso pelo fato ora relatado: O padre Muniz era o prefeito da segunda divisão, que correspondia à turma dos médios em idade. Ele, o padre, tinha o costuma de cantar sempre o hino das congregações Marianas, cujo estribilho era o seguinte: “O averno ruge enfurecido, altar e trono quer destruídos, tu nos protege oh Mãe potente....”. Alderico sofria de prisão de ventre e num determinado dia ficou no sanitário do recreio tentando expelir o quilo, que insistia em não sair. Todos já estavam na banca quando o padre Muniz passou pela porta do sanitário do recreio entoando seu hino preferido. Alderico estava gemendo tentando a “delivrance”, quando o padre entoou: “O averno ruge...” Alderico retrucou: No cú da mãe.
Outro colega de curso, no primeiro ano de direito, da Faculdade de Ciências Jurídicas do Rio de Janeiro pediu-me que lhe socorresse respondendo a uma questão de Direito Romano. “A qual legislador romano atribui-se a autoria das “Leges Imperfectas, Leges Minus Quão Perfectas e Leges Perfectas? Respondi: ULPIANO. O colega grafou na sua prova: o (artigo) piano (instrumento). Sem outros comentários.
Já quando ensinava história no Instituto Municipal Eusínio Lavigne tive o ensejo de deparar-me com respostas estapafúrdias de alguns alunos. Seguem-se: “Falando sobre a excelência da civilização Mesopotâmica, nos diversos períodos de supremacia dos Acádios, dos Caldeus, Sumérios, Babilônicos e Assírios, assinalou o Código de Hamurabi, os Jardins Suspensos da Babilônia e a “Discoteca” de Hamurabi.
Respondendo a pergunta: Quais os primeiros seres humanos que povoaram a terra e qual o tipo de vida por eles desenvolvido? Respondeu: “Os primeiros seres humano que surgiu na terra foram os “erectus”. Depois surgiu outros mais evoluído – os macaco. Os macaco viviam trepando de galho em galho e se alimentando com as frutas das árvores daquela época. Eles levavam uma vida muito rudimentar pois naquele tempo nada existia”.
Outra resposta genial sobre os “Tempos Heróicos da Grécia”: Nos tempos heróicos “Omero” não era muito acreditado por seu povo. Ele escreveu Poema. Roubaram a mulher de Omero e esconderam atrás de um cavalo de pau. “Odisséia teve muitas aventuras na guerra e voltou para a ilha Ilíaco”. Acredito que o aluno em questão decorou um trecho do livro de história de Borges Hermida e estudou para a prova de História Natural, confundindo e misturando tudo. Teria pretendido dizer que havia duvida sobre a autoria das epopéias Ilíada e Odisséia. Homero seria o verdadeiro autor ou uma série de outros autores tê-las-ia escrito e teriam sido reunidas nas duas obras com o pseudônimo de Homero. Após Paris, príncipe troiano, ter raptado Helena, mulher de Menelau, e a levado para Troia, os comandados de Heitor construíram um cavalo de madeira e colocaram à frente do portão de Troia, como se fora um presente (presente de grego). Os troianos recolheram a oferenda e à noite os soldados que estavam escondidos no bojo do cavalo saíram e chacinaram os troianos além de abrir o portão para o exercito grego invadir a cidade. Ulisses, conhecido chamado na Odisseia de Odisseu, participou ativamente da guerra, de volta à ilha de Ítaca combateu os Ciclopes, Sila e Caríbdis, resistiu aos encantos das Nereidas, voltando para os braços de sua esposa Penélope,na ilha de Ítaca, da qual era rei.