OS IRMÃOS CUMA
Ferdinando e Gabriel Gonçalves notabilizaram-se na região de Gameleira e seu entorno pelo besteirol, principal característica de seu modo de falar. Entre outras coisas perguntavam: “Cuma”? Ao invés de Como?. Daí o apelido do sobrenome.
CAUSOS DE FERDINANDO
Ferdinando construiu uma mansão numa das suas fazendas e, impressionado com a piscina com ondas de Brasília, instalou uma na área de lazer da imponente casa. Querendo dotar a nova construção de decoração adequada convidou o escultor Raimundo Teixeira e o incumbiu de tal mister. Raimundo falou-lhe: “Olha Ferdinando eu sou apenas escultor, portanto poderia apenas responsabilizar-me pela feitura de algumas esculturas, para decorar alguns ambientes da casa. Quanto à decoração propriamente dita, você deverá procurar um especialista, de preferência que lhe conheça bastante; para que possa adequá-la à sua maneira de viver – ao seu estilo. Caso queira contratar algum estranho tenha o cuidado de convidá-lo para passar pelo menos uns quinze dias consigo, para que ele possa perceber seu gosto e seu modo de viver. Só dessa maneira ele poderá decorar sua mansão adequadamente. Não tomando tal cautela corre o risco de a decoração sair ao gosto do decorador e você sentir-se um estranho na sua própria casa. A decoração perfeita é aquela que reflete o gosto, a personalidade e a maneira de viver do dono da casa.
O que eu posso fazer é ajudá-lo na aquisição de algumas obras de arte. Por sinal no próximo dia 16 haverá um leilão de obras de arte em São Paulo e, caso você queira, posso ajudá-lo na aquisição de algumas peças.
Chegando ao local do leilão Raimundo recomendou-lhe muita cautela, pois no meio de peças de valor entrava muita coisa falsificada e alguma bagulhada. Só faça qualquer lance quando eu lhe der um discreto “cutucão”. Iniciado o leilão o leiloeiro começou com um jogo de porcelana chinesa da Dinastia Ming, seguiu-se uma escultura etrusca, vasos da civilização Minóica, tapetes persas, etc. Ferdinando olhava para Raimundo que continuava impassível (não gosta das peças apresentadas). A determinada altura o leiloeiro disse: “Senhoras e senhores, este é o momento culminante deste leilão. Guardamos esta preciosidade para o final. Trata-se de um óleo sobre tela do maior pintor clássico do mundo, nem mesmo Michelangelo Antonioni lhe igualou em talento. Além de pintor destacou-se em escultura, humanidades, de um modo geral, ciências, etc. Virando o quadro para o lado onde estavam Ferdinando e Raimundo disse: Trata-se de um Leonardo da Vinci. Neste momento Raimundo aplicou discreta cutucada em Ferdinando, que se levantou e disse: “Se Leonardo dá vinte Ferdinando dá trinta.”
De outra feita, Ferdinando pediu a Raimundo para acompanhar sua segunda esposa a uma viagem à Europa, enquanto ele ficaria fazendo campanha para deputado federal na região de Gameleira e cidades circunvizinhas como Jacarandá, Juerana, Peroba, Maçaranduba, etc. Numa determinada tarde Raimundo telefonou de Barcelona avisando que estiveram numa exposição de pintura e ele aconselhara sua mulher a adquirir uma obra de arte por preço de ocasião. A compra tinha sido feita por um preço inferior a cinco vezes o valor real – tratava-se de um valioso PICASSO. Ferdinando disse-lhe: “Olha Raimundo, eu não quero ficar por baixo nesta história não. Compre um BUCETAÇO para mim.”
Certo dia fui convidado para uma entrevista numa rádio de Gameleira – ocasião em que disputava uma eleição para deputado estadual e havia um surto de cólera morbus na região. Ferdinando estava concedendo uma entrevista sendo acompanhado por sua Assessora de Comunicação. Declarou: “Precisamos urgentemente resolver o problema desta epidemia. Temos que combater, sem trégua, o EMBRIÃO COLÉRICO. A assessora “soprou” discretamente: Vibrião Colérico. Ferdinando retrucou: Pouco importa se Embrião ou Vibrião, eu quero mesmo é destruir esta praga”.
Ferdinando estava na lanchonete da Câmara dos Deputados, em Brasília, em companhia do seu colega alagoano José Thomaz Nonô, quando pediu um pastel e um copo de leite. Partiu e esmagou o pastel colocando-o dentro do leite. Mexeu, com uma colher, e bebeu o leite misturado com os pedaços de pastel. Nonô, intrigado, perguntou: “Ferdinando, que moda é esta?”. RESPOSTA: “O médico recomendou que só tomasse leite PASTERIZADO”.