O BRINDE
Na famosa fase áurea do cacau os coronéis (da Guarda Nacional) desfrutavam de enorme prestígio. Nenhum evento importante se realizava sem a presença de alguns deles, que eram convidados especiais. Até mesmo em festas de casamento, noivado, aniversários, qualquer tipo de comemoração pública ou particular, não se dispensava a presença deles.
Numa determinada festa de casamento, sem qualquer consulta prévia, os pais dos nubentes anunciaram que o coronel Brederodes faria um brinde ao novel casal. Ocorre que o aludido coronel era semianalfabeto tendo, consequentemente, enorme dificuldade de falar em público, principalmente de improviso. Entregaram-lhe a taça de champanhe e na hora de falar lá vem a dificuldade. Querendo dizer que a missão que lhe foi confiada era muito árdua e que tentaria superar as dificuldades para desincumbir-se do honroso encargo, começou: “Dura, dura, muito dura. Espinhosa, espinhosa, muito espinhosa.” Queria dizer que a missão era difícil, enquanto esperava que lhe viesse inspiração para formular a mensagem. A inspiração, entretanto, não chegava e ele continuava: “Dura, dura, muito dura. Espinhosa, espinhosa, muito espinhosa.” Ao repetir pela terceira vez o refrão: “Dura, dura, muito dura. Espinhosa, espinhosa muito espinhosa”, foi surpreendido (ele e todos os circunstantes) com a intervenção do irreverente e desbocado Coronel Eustáquio Fialho, (que raramente estava sóbrio), que “berrou” bem alto: “ISTO É PICA DE GATO”.
Desnecessário será dizer que a recepção acabou em confusão e briga.
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