“Existem criaturas que nascem com
a alma vestida de libré, porque trouxeram para a vida o destino dos lacaios.”
Esta frase ou citação é de autoria do grande criminalista ROMEIRO NETO e foi
proferida durante a defesa que fez de Hebe Mascarenhas de Morais no Tribunal do
Júri do Rio de Janeiro. O brilhante advogado criminal referia-se a boa parte da
imprensa nacional que tomara partido em favor da vítima – filho do General
Mascarenhas de Morais. Segundo o causídico tais jornalistas tomaram tal atitude
em razão de interesses econômicos ou simplesmente para bajular PODEROSOS.
Tal tipo de procedimento –
bajular poderosos ou tomar posições visando exclusivamente interesses
econômicos – é coisa oriunda da mais remota antiguidade. Igualmente em relação
à aqueles que se alugam para lutar por outros países ou mesmo prestar outros
serviços, ainda que menores. Nos tempos do Império Romano tornaram-se famosos
os PUBLICANOS. Indivíduos que se alugavam aos políticos (cônsules, edis, questores,
censores etc.) para aplaudi-los em praça pública, durante seus pronunciamentos,
fossem de algum conteúdo ou um amontoado de asneiras. Esse tipo de gente foi sabiamente
apelidado de “varejeiras ou moscas do poder”. Eles, infelizmente, ainda existem
em grande quantidade e proliferam-se rapidamente, como o mosquito da dengue.
Combatê-los é o dever de cada cidadão. Não adianta, entretanto espantá-los ou escorraçá-los,
simplesmente, pois outros tomarão seus lugares. Temos que combater os corruptos
– o verdadeiro mal.
Quando estive em Portugal, em
1995, a convite da Câmara de Vereadores de Freguesia da Foz do Douro, o país
estava em plena campanha política e tive o ensejo de ver, estampada em “Outdoor”
uma propaganda super inteligente. Aparecia um monte de merda e sobre ele,
pousadas ou esvoaçando em seu entorno, um enxame de moscas. Acima, em letras
garrafais, estavam grafadas as seguintes palavras. “NÃO ADIANTA ESPANTAR AS
MOSCAS É PRECISO ELIMINAR A MERDA”.
Nunca foi tão atual e necessário
atender tal apelo. É muito natural que boa parte dos profissionais de
comunicação tomem partido pelos que estão mais fortes e com verdadeiras
possibilidades de ganhar as eleições. Afinal são empresários e vislumbram a
possibilidade de virem a ser contratados pelos vencedores do pleito. Enxergam a coisa simplesmente pelo prisma
comercial e esquecem-se de que são cidadãos – ou que deveriam ser. Entendo que
nosso país, nosso estado e nossa cidade necessitam progredir, em todos os
sentidos especialmente na educação - que
é a melhor maneira de diminuir as distâncias sociais. Desse modo não custa nada
refletir sobre o tema. Exerçamos nossa cidadania. Sei que é duro ignorar o
existencial, especialmente quando falta o prato de comida. Mas nunca é tarde
para fazer um esforço e sacrifício, quando isto pode contribuir para a melhoria
de todos. Nossos filhos e netos estão incluídos nesse grupo – TODOS.
Estes tópicos, aparente
desconectados, ajustam-se perfeitamente quando pensamos seriamente no nosso
futuro. Não adianta episodicamente levarmos algum tipo de vantagem em
detrimento de outros. Precisamos viver sem grandes discrepâncias e tudo depende
de nós.
Vamos ajudar nossa cidade a
manter limpas as ruas, fazendo nossa parte e cobrando da administração
municipal o que lhe incumbe. Sei que isto somente não basta.
Ao invés de simplesmente
“espantar as moscas vamos eliminar a MERDA” – EM SENTIDO BEM AMPLO.
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