ESTRATÉGIAS: DEFESA E
POLÍTICA
Os habitantes das antigas e
medievas cidades costumavam erguer fortes muralhas no seu entorno para
defender-se dos ataques das hordas bárbaras (eram considerados bárbaros todos
os povos que viviam além das fronteiras romanas e gregas). Tais muralhas,
construídas com enormes pedras, continham seteiras e postos de vigilância
proporcionando condições aos habitantes (comunas, burgos, etc.) de exercitar
todos os meios eficazes de defesa. Tais como atirar setas, disparar as catapultas,
derramar água e óleo ferventes sobre os pretensos agressores, enfim tudo que
pudesse ser utilizado como arma. Evitar a entrada dos inimigos era garantir sua
incolumidade. Além disso, havia proteção especial suplementar – a área cercada
de muralhas era circundada por profundo poço, cheio de água, às vezes até com
crocodilos e enguias elétricas. Para acesso ao forte portão de entrada era
necessário baixar uma ponte levadiça, o que só poderia ser feito com controle
absoluto dos moradores da área fortificada. Fora dessa hipótese só arrombando a
muralha com o uso de “aríete” ou com estratégias como a utilizada pelos
espartanos, na guerra de Troia – quando conseguir introduzir soldados na
cidade, que estavam escondidos no interior de um gigantesco cavalo de madeira
colocado à frente do portão de entrada, à guisa de presente (o famoso presente
de grego).
Os gregos, que eram os mais
civilizados dos povos antigos, além de adotar tais métodos de defesa inovaram
no sentido de celebrar acordos e armistícios após guerras, bem como realizando
prévios acordos para evitar futuros conflitos. Nesses casos ou mesmo quando iam
receber visitantes ilustres, ao invés de baixar a paliçada e abrir o portão de
entrada da fortaleza, preferiam demolir parte das muralhas (abrindo brechas) e
receber tais visitantes com as honras de praxe da época. Tomavam tal atitude
para demonstrar que estavam com os
espíritos completamente desarmados, passando ao(s) visitante(s) a sensação de
segurança absoluta, pois haviam, de modo concreto, eliminado sua principal
defesa. A cidade, simbolicamente, passava a ser do visitante (s). Se alguém
corria risco era o anfitrião. Desse modo, atenienses, espartanos, tebanos,
macedônios, cipriotas, e os outros habitantes de outras cidades estado da
Grécia, inclusive os das ilhas de Lesbos, Quios, Cós, Creta, Rodes Corfu,
Lemnos, Cárpatos e Andros, puderam estabelecer duradouros e proveitosos
tratados de paz.
Pois bem, o exemplo grego nunca
foi tão digno de ser imitado quanto agora pelo povo e pelos partidos políticos
de Ilhéus. Todos nós sabemos quem é nosso inimigo comum. A cidade está pagando um preço absurdo por
não ter sabido escolher, durante cerca de duas décadas seus representantes e
dirigentes (salvo honrosas exceções). Há muito tempo não temos ou temos poucos
representantes na Assembleia Legislativa do Estado ou na Câmara Federal. Desse
modo coisas primárias que poderiam já estar resolvidas, continuam em compasso
de espera como outra(s) ponte(s) entre Ilhéus e Pontal, duplicação da estrada
Ilhéus-Itabuna, ampliação do Porto de Malhado, novo porto (complexo
intermodal), acesso Distrito Industrial/Porto, aeroporto, etc. Não tendo
representantes junto à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal deixamos de
ter interlocutores junto aos governos do estado e federal. Tanto governadores
quanto presidentes da república não teem que negociar com Ilhéus, quando
necessitam aprovar projetos de seus interesses. Assim negociam com
representantes de outras cidades, para onde são direcionadas as obras (na base
do toma lá dá cá). Sobre esse assunto é interessante lembrar que na época de
eleições proporcionais votamos em mais de trezentos candidatos de fora
desprezando os nossos. A quem isto interessa? Sem dúvida a quem pretende se
impor como única liderança da cidade. Quando dessas eleições normalmente
forasteiros, encaminhados pelo Sassá Mutema de Plantão, aos principais
vereadores e lideres comunitários de bairros, distritos e povoados mediante
pagamento de determinadas importâncias conseguem arranjar grande quantidade de
votos aqui no município, evitando que os candidatos (minhoca) da terra se
elejam. Isso tem que acabar.
Também devemos observar que a
figura que enfocamos como prejudicial aos interesses da cidade – pois só cuida
da promoção pessoal – é o grande INIMIGO que temos a enfrentar no próximo
pleito. Vale celebrar os acordos e armistícios, alianças (até com o CAPETA; que
me desculpem os cristãos, evangélicos, mulçumanos, umbandistas, zoroastristas,
brâmanes, budistas e outros “istas”) com todos os segmentos sociais e políticos
capazes de fortificar cada vez mais essas muralhas que os gregos nos ensinaram
tão bem a construir. Num próximo artigo continuarei tratando do assunto. Vou
focalizar as estratégias que podem ser adotadas pelo grupo do PT e pela FRENTE
UNIFICADA.
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