Os fortes ventos (sul e nordeste)
que sopraram na sexta e segunda feira, respectivamente, dias 20 e 23, fluentes,
não me permitiram pescar no “Buraco Doce”, porém ensejaram-me condições de ler
com atenção o livro de Dr. José Léo Lavigne sobre seu pai, o inesquecível
prefeito de Ilhéus e cidadão exemplar, EUSÍNIO LAVIGNE. Saliente-se que já
havia lido anteriormente matéria escrita por Carlos Pereira Neto sobre o
proeminente homem público, bem como o livro de Maria Luiza Heine, sobre o IME e
o Dr. Eusínio (ex-prefeito).
Comprometi-me com Ed escrever matéria sobre
este importante intelectual, jurista, humanista, político de escol e cidadão
admirável – PARADIGMA DE CARATER E HONRADEZ – como, com absoluta justiça, José
Léo (um dos seus filhos) intitula o importante livro que escreveu sobre seu
honrado pai. Tal matéria será publicada no seu Blog, porém por mais poder de
síntese que eu possa revelar, sem dúvida não conseguirei resumir, sem prejuízo
de conteúdo, escrever tudo em uma lauda e meia, conforme sua recomendação.
Desse modo vou aduzir algumas passagens importantes e tecer comentários
pessoais sobre alguns fatos que considero de incomensurável importância, não
abordados na matéria hiper-resumida.
Entre os comentários que farei
sobre a admirável figura de Eusínio Lavigne destaco a honestidade a toda prova
o senso de justiça, o equilíbrio, a capacidade administrativa, a coerência, a
ética, a visão de futuro, o preparo intelectual e, até mesmo, o “romantismo” no
modo de encarar a palavra empenhada. Eusínio foi a encarnação do cumprimento da
palavra, naqueles saudosos tempos em que o “fio do bigode” valia tanto quanto a
assinatura num contrato ou num aval. Ele chegou ao absurdo de fixar preço para
a venda de uma de suas fazendas e o pretenso comprador demorou cerca de noventa
dias para “fechar” o negócio. Nesse ínterim o preço do cacau em amêndoas subiu
mais que o dobro. Temeroso por perder o negócio o pretenso comprador procurou
Eusínio perguntando-lhe “qual seria o preço agora”? Obteve como resposta: “O
mesmo que lhe dei anteriormente; minha palavra eu cumpro invariavelmente, mesmo
com qualquer prejuízo”. Vendeu a fazenda por um preço, pelo menos três vezes
inferior ao valor real.
Só conheci outro fato igual. Meu
cunhado José Fialho ofereceu ao Capitão Durval Oliveira CR$3.000.000,00 de
cruzeiros pela sua fazenda “Corcovado”, em Almadina tendo o fazendeiro dito que
aquele valor era justo, porém ele não queria vende-la. Três anos depois
procurou José Fialho e comunicou que agora queria vender a fazenda, dizendo-lhe
que o preço era o mesmo oferecido anteriormente – que ele tinha achado justo.
Por isso mantinha o preço, honrando sua palavra. Saudosos tempos em que a
palavra tinha significado de honra. Hoje preponderam os espertalhões.
Eusínio possuía três grandes
fazendas ao assumir a prefeitura em 1930, como intendente (prefeito) e ao
deixar o cargo teve que vender duas delas para pagar dívidas pessoais. Até
parece com alguns que o sucederam; que nada tinham e hoje são milionários, sem
que acertassem em nenhuma loteria ou convolassem núpcias com mulheres ricas.
Além dos livros de direito (Ação
Demarcatória e Ação Rescisória e Coisa Julgada) que escreveu em parceria com
seu sócio de escritório Dr. Mesquita (em Salvador), foi autor de mais de vinte
outros livros, além de uma infinidade de artigos, em jornais e revistas do
país.
Foi participe em diversos
movimentos sociais e políticos importantíssimos para nossa região e para nosso
país, cumprindo salientar os seguintes: Revolução de 30 (que levou Getúlio
Vargas ao poder, após a eleição fraudada, em que perdeu para Júlio Prestes),
campanha civilista de Ruy Barbosa, campanha pelo petróleo (O Petróleo é Nosso),
pelo porto de Malhado, enviou correspondência ao presidente da república
apresentando sugestões para nova divisão territorial do Brasil e foi o lançador
da ideia de criação do Estado de Santa Cruz. Tomou esta última iniciativa
quando, em 1946, surgiu a ideia do desmembramento do nosso município em vários
outros, quando emanciparam-se Guaraci, Pirangy, Água Preta, Barro Preto, etc.
Na ocasião enviou carta à Câmara de Vereadores através do líder do PSD,
vereador Juvêncio Pery Lima, obtendo o apoio de todos os outros lideres
partidários, inclusive o do UDN, Henrique Cardoso que, posteriormente quando
deputado federal apresentou projeto de criação do Estado de Santa Cruz. Tal
projeto foi reapresentado pelo deputado Fernando Gomes.
Eusínio colou-se frontalmente
contra a construção da catedral Dom Eduardo no local em que foi construída
(antiga capela de São Sebastião), por entender que o local era inadequado, bem
como em razão da planta, que entendia não ter estilo definido (era uma Babel de
estilos). Chegou a oferecer moderna planta (paga pelo município) que deveria
ser edificada na Cidade Nova – área de expansão da Cidade, com loteamento bem
planejado e com ruas bem largas. Aliás, este assunto foi tratado com detalhes
no suplemento especial de Diário de Ilhéus de domingo pretérito, dia 22/04.
Além desses flashes, aqui
focalizados, existem muitas outras coisas interessantíssimas que comportam
menção especial. Caso o espaço que utilizarei na matéria resumida que vai ser
enviada para o blog fotossíntese de Ed Ferreira não seja suficiente
complementarei em novo espaço.
Estas anotações serão publicadas
em nosso blog (blogdoaolimpio.blogspot.com) e o r2cpress. Ficam autorizados os
demais blogs e outros veículos de comunicação a publicar integral ou
parcialmente esta matéria, evidentemente citando a fonte de referência.
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