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terça-feira, 30 de agosto de 2011

CANAL DO JACARÉ

A matéria publicada na primeira página do Diário de Ilhéus, sob o título “Projeto da Maramata visa recuperar o Canal do Jacaré” e na página 5 do Agora: “Maramata apresenta projeto para limpeza canal do Jacaré”; edições de 30 de agosto de 2011, apresenta grave erro, que agora retificamos. O canal do Jacaré situa-se entre a Av. Princesa Isabel, a ilha com seringueiras, que pertenceu a D. Brussel & Company e o “Teotônio Vilela”. Os referidos jornais (Jornal Diário de Ilhéus e Agora) dizem que o aludido canal fica situado no bairro do Malhado e o primeiro ainda publica uma fotografia do canal (do Malhado). Como bem se pode notar o canal da foto situa-se na Av. Lindolfo Color, canalizando as águas drenadas naquela área do multi-referido bairro. Entendemos que tal esclarecimento seja absolutamente necessário eis que caso tal atividade venha a ser realizada ocorrerá por iniciativa da Secretaria de Serviços Urbanos.  

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

“UM CAMINHÃO DE “JAPONES””

Mais de três mil ilhas, situadas entre o mar de Okhotsk ao norte, o Oceano Pacífico a leste a ao sul o Mar da China Oriental e o Mar do Japão ao oeste, formam o arquipélago JAPONES. É este conjunto de ilhas que forma a famosa potência oriental denominada JAPÃO. Exatamente aí nesta faixa territorial descontínua desenvolveu-se uma das mais admiráveis civilizações mundiais. Enfrentando todas as adversidades possíveis, inclusive catástrofes como erupções vulcânicas, abalos sísmicos e monumentais tsunamis (fenômenos naturais), os japoneses foram capazes de sobreviver e mais que isso transformar o país numa das maiores potências econômicas do mundo. Além de vencer com galhardia tais intempéries, foram capazes de promover a sua recuperação total após a segunda guerra mundial, onde foi praticamente dizimado. Até mesmo Hiroshima e Nagazaki, cidades inteiramente destruídas pelas bombas atômicas foram restauradas por inteiro. Este país digno de ser imitado por vários outros, prima pela capacidade de trabalho de seu povo e pela integridade de seus governantes. Não queremos dizer que vez por outra não apareça um escândalo praticado por um político, porém quando eventualmente tal acontece ou o indivíduo vai severamente punido ou mesmo suicida-se publicamente.
Diferentemente em nosso país sucedem-se as falcatruas sem que tais políticos sejam exemplarmente punidos. As penas, quando ocorrem, são bastante leves e quando cumpridas os protagonistas retornam à vida pública amparados por expressivas votações do nosso eleitorado. Parece até que o fato de ser corrupto credencia tais indivíduos a receberem mais votos. Na maioria das vezes tais pessoas são tratadas como verdadeiros ídolos populares, até mesmo sendo louvaminhados por parte da imprensa.
Estou fazendo tal comentário a propósito de uma declaração do meu amigo Joabs sobre o que resta de candidatos afora seu irmão. “O QUE SOBRA É UM CAMINHÃO DE JAPONES”. Espero que tal caminhão seja efetivamente ocupado por verdadeiros japoneses - capazes, de imbuídos de espírito público, reunirem-se em torno de um protagonista honesto, que possa resgatar a dignidade perdida e a nossa esperança. Confesso que estou disposto a acompanhar com entusiasmo o “CAMINHÃO DE JAPONESES”.
CONVOCO OS AMIGOS DE ILHÉUS A PARTICIPAREM DESTA CRUZADA.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Rapidinhas

A literatura popular brasileira se caracteriza pelo “cordel”, os desafios cantados pelos repentistas e pelos cantadores de coco e emboladas. Os repentistas usam o violão para acompanhar seus improvisos e os outros usam o pandeiro.
Num torneio de repentistas realizado em Japaratuba - Se, defrontaram-se na final uma mulher sergipana e um rapaz de Alagoas. Incumbiu à mulher puxar o desafio com a sua trova e ela improvisou assim:
“Fui casada sete vezes, com sete homens vivi e juro por Nossa Senhora – to virge como nasci”.
Retrucou o alagoano:
 “Se essa histora não é peta, só duas coisa explica, ou você não tem buceta ou esses home não tem pica”.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

PATO, GANSO, OUTROS PALMÍPEDES E GALINÁCEOS

Deveria ter escrito matéria específica no dia do jogo do Brasil contra o Equador, entretanto exatamente nessa quarta-feira entreguei-me aos cuidados de Eusínio Lavigne e Paulo Medauar, que se encarregaram de extirpar velha catarata do olho direito. À noite embora ainda “desfocado” relativamente em razão do levíssimo trauma resultante da operação pude ver a nova atuação da seleção, onde alguns defeitos foram corrigidos, resultando em melhora do ataq1ue. Pato e Ganso foram bem melhores e Robinho bem melhor do que nas últimas apresentações. A entrada de Mycon resultou em nova opção de ataque, já que invariavelmente buscou a margem direita do campo e chegou à linha de fundo, sempre com sucesso, cruzando ou centrando. Essa jogada foi a mais produtiva do ataque brasileiro. Infelizmente o capitão Lúcio falhou almas vezes e o nosso Júlio César, não satisfeito apenas com os “palmípedes” convidou os “galináceos” para participar do refrão – lá foram um frango e um peru. Veio o jogo contra o Paraguai  que resolveu apenas defender-se  e lá veio o vexame da quatro pênaltis perdidos. Nosso time está meio verde, desentrosado e as grandes estrelas Neymar e Pato ainda têm muito que aprender (espacialmente serem modestos). Mano – caso continue – necessita saber como e quando substituir e lembrar-se que um time de futebol precisa esquema tático. A partir daí tentar inovar e procurar ser protagonista. Afinal foi esse o compromisso que assumiu ao ser escolhido como novo técnico. Bem, temos muito tempo para prepararmo-nos para a copa do mundo, um pouco menos para as Olimpíadas. As decisões têm que ser rápidas e acertadas. Já não somos os grandes magos do futebol. Muita gente nova está surgindo no mundo inteiro. O preparo físico iguala quase todo mundo. Os gênios são poucos e têm que ser bem aproveitados. Não se esqueçam que jogadores como Pelé e Garrincha surgem raramente, assim como Distéfano, Maradona, Shiafino, Platini, Puskas, Stanley Matius e outros tantos. Nos torcedores e metidos a técnicos precisamos também nos modificar. Nossa seleção não é a “Pátria de chuteiras”. Futebol é esporte e deve ser encarado como tal.
Nosso amor pela pátria deve ser demonstrado na hora de votar nos nossos dirigentes e representantes ou estaremos sempre lamentando as maracutaias, a impunidade, as falcatruas, etc. O futebol não difere do volibol e outros esportes.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Cadê o Marreco (continuação)

Na matéria anterior tecemos comentários sobre a atuação da seleção brasileira de futebol e suas futuras apresentações, enfatizando atuação de alguns “palmípedes”  e a expectativa para futuros jogos, até a formação definitiva. Queremos aqui, de pronto evidenciar, que não pretendemos ocupar espaços dos especialistas, porém, como todo brasileiro tem algo de técnico, aqui vai mais um comentário impertinente.
No jogo contra o Paraguai o nosso Mano surpreendeu-nos com a escalação de Jackson. Esperávamos que ele substituísse Robinho e Ramires, porém jamais colocando o “russo” Jackson. Ramires reabilitou-se apresentando bom desempenho, sem errar passes, fazendo boa marcação e aventurando-se, com relativo sucesso, nas carregadas de bola. Já Jackson errou sistematicamente todos os passes, inclusive os de curta distância. Poderia ter sido expulso caso o árbitro não tivesse feito vista grossa para a segunda entrada violenta. O fato de ter feito um gol não justificará sua presença como titular no terceiro jogo, contra o Equador. Ele, sem dúvida, jamais será o MARRECO da seleção. Falta-lhe talento. Quando da substituição esperávamos que o escalado fosse Lucas; este sim com grandes perspectivas de tornar-se um grande protagonista desde que seja bem orientado e tenha humildade suficiente para jogar para o time, sem a preocupação de fazer jogadas de efeito e gols de placa. Mano precisa lançá-lo de primeira para que ele tenha o ensejo de entrosar-se com grupo.
No mais (para imitar o coelho) é necessário saber substituir.  Daniel Alves e Neymar não poderiam ter permanecido em campo tanto tempo. As substituições têm que ser feitas no momento em os titulares estão falhando. Deixar mudar no fim do jogo é evidentemente um grande erro.
Ainda falta muita coisa para o time alcançar o “ponto” desejado. Mano necessita resgatar (como prometeu) o estilo de jogo brasileiro, onde o talento prevalece. Por enquanto seu comportamento é idêntico ao de Dunga. Difere apenas no modo gentil de tratar a imprensa. Não queremos, entretanto um especialista em relações públicas à frente de nossa seleção. Precisamos de um estrategista, um disciplinador, enfim um técnico talentoso.
Mano que se cuide. Ou muda, e muda drasticamente, ou perde o lugar para Murici; este sim um técnico talentoso, equilibrado, independente, corajoso e estrategista. No nosso entender o técnico que precisamos. Ele saberá escalar OS PALMPIPEDES.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

CADÊ O MARRECO?

Se a pergunta fosse cadê o pato seria bem mais fácil responder.  Está na música de Jaime e Neuza Teixeira, imortalizada na interpretação do grande João Gilberto (ícone da Bossa Nova),  denominada “O PATO”. Estaria, ainda, em outra composição, com idêntico nome, de autoria de Vinicius de Moraes/Toquinho/Paulo Soledade, também da mesma época. Tal pergunta agora não poderia ser respondida com tanta rapidez e facilidade.  Só não encontraríamos tal personagem com idêntica facilidade se quiséssemos localizá-lo na partida do Brasil com  a Venezuela. O famoso pato (com letra minúscula mesma, em razão de sua atuação) não chegou a ser notado com grande destaque na aludida competição.
Já o marreco – que aparece na primeira composição oferecendo-se ao pato “para entrar também no samba” – não consta do famoso elenco de palmípedes da nossa seleção. O ganso  (presente presente na música, parece que resolveu fazer “ Forfait” no campo) e foi do famoso quarteto o mais desafinado, pois não se sabe se  o cisne quer entrar nesse lago frio.
Se os tais palmípedes se entrosaram bem  na  música, seus grasnados ainda não afinaram em campo. Ainda não apareceu o marreco e muito menos o cisne. Lembramo-nos  sem saudades do “famoso” quadrado mágico de Dunga, da copa passada, que jamais funcionou à contento.  Agora, falando sério, é necessário ter paciência e esperar que Mano Menezes faça suas experiências até encontrar a escalação ideal. Afinal  boa parte dos integrantes dos convocados não se conhecem muito bem e estão desentrosados. É preciso, entretanto, cobrar do treinador  decisão rápida quando tiver  de efetuar substituições  ou mudar o esquema em face de determinadas circunstâncias.  Também devemos considerar que muitos dos selecionados vieram de contusões sucessivas e ainda não se encontram em forma física ideal ou em ritmo de jogo. Esperar, pois tal tipo de ajuste e entrosamento é o que o povo brasileiro quer ver na nossa seleção. Caso tal aconteça teremos muitas alegrias nas Olimpíadas e na Copa do Mundo.
Grandes talentos não nos faltam atualmente afora os que irão surgir neste “interregno”.  O Pato pode render muito se colocar seu talento a serviço da modéstia o mesmo podendo acontecer com o maior craque do time – o excepcional Neymar, que pode se tornar no cisne real – se resolver  “nadar de forma simples”. Não adianta querer enfeitar toda jogada e transformar cada gol numa obra de arte. A obra de arte já é o próprio gol – ainda que de bico ou de canela, como diria Dada Maravilha. Quanto ao marreco reclamado ele pode aparecer encarnado no Lucas ou em qualquer outro jovem das categorias de base.
O que precisamos, se quisermos fazer boa figura nas olimpíadas e na copa do mundo, é convocar os melhores, treinar bastante, ter espírito de luta e de união. Talento é o que não nos falta. Somos a terra de Pelé, Garrincha, Leonidas da Silva, Friederraich, Zizinho, Zico, Rivelino, Romeu Peliciari, Tim. Jair da Rosa Pinto, Ademir,  Ronaldo, Ronaldinho, Romário e tantos outros. Que o comandante Mano tenha sabedoria suficiente para receber as críticas, aproveitar as construtivas  e fazer ouvidos de mercador para as outras.
Se isto acontecer não apenas o quarteto de palmípedes, mas o total do elenco  entoará o vocal  “muito bom muito bem” – QUEM, QUEM, QUEM, QUEM.

terça-feira, 21 de junho de 2011

A FACE HILÁRIA DA CIDADE

A BENZEDEIRA

Durante muitos anos seguidos adotei a prática de pescar em um dos rios brasileiros durante o inverno, entre os meses de junho a setembro, quando não chove nas bacias
Amazônica e do Pantanal.
Pesquei nesses locais de 1970 até 2.000. A partir daí os preços de passagem de avião e hospedagem se tornaram tão caros que esse tipo de lazer tornou-se impraticável. Deslocar-se para um rio Amazônico e pescar por uma semana passou a ser mais caro do que uma viagem a Europa, com acompanhante, por idêntico período.
Da época  que realizei estes “safáris” guardo indeléveis recordações. Algumas vezes fui com Maria Amélia (Araguaia e Telles Pires), com mês filhos Marcos Flávio e Luciano, com amigos de Ilhéus, como Jaime Costa, Alciato, Álvaro Simões e meu irmão Ruy “Tatu”, com Nelson Saldanha e os proprietários do grupo Águia Branca e, na maioria das vezes, com Roberto Moreira, famoso dentista do Rio de Janeiro (já falecido), que conheci através do inesquecível amigo Carlos Oliveira Filho o popular Carlinhos “Cibica”.
Muitas das memoráveis pescarias que realizei nos famosos rios das regiões citadas foram relatadas em várias revistas de pesca, com que colaborei por muitos anos, como Pescatur, Troféu, Revista de Pesca de B.H., bem como em jornais da região e do nosso Estado.
Destaquei nessas matérias a esportividade dos tucunarés, matrinchãs, cachorras, bicudas e outros peixes de médio e pequeno porte, porém atrevidos na linha. A brutalidade das piraibas, jaús, pirararas, surubins e douradas, pirarucus, além dos grandes tambaquis e pirapitingas.
Muito mais importante até do que a própria pesca foi a oportunidade de conhecer outras regiões do nosso imenso país, seu povo, costumes, lendas, natureza, folclore e culinária.
Numa dessas viagens hospedei-me numa pousada em Ilha Regina, no rio Telles Pires, nas proximidades da desembocadura do Rio Peixoto de Azevedo, seu afluente. Além de fazer excelentes pescarias com meus filhos tive o ensejo de saber, por John Dalgas Firsh, famoso ornitólogo, que também tinha contratado uma temporada de caça e pesca, que alí nas margens do rio Cristalino existia uma famosa benzedeira, que possuía uma fazenda de gado, café e cacau, cuja principal atividade era promover curas diversas. Na fazenda atendia uma grande clientela, que acreditava ter a benzedeira poderes especiais. Era conhecida como Dona Zélia Benzedeira.
Seus poderes eram múltiplos. Iam desde a leitura da sorte, consultando as linhas da mão, as cartas de Tarô, os resíduos de pó de café que ficavam na xícara, até a cura de doenças através de rezas, chás, infusos, garrafadas, etc.
Doenças várias eram curadas com suas poções milagrosas; por exemplo: câncer com infusos preparados com casca de pau d’arco, leite de “graveto do cão” diluído em água de beber; diabetes com gravetos de pau-de-sapo, casca de sapucaia, casca de imbira, chá de folhas de pata de vaca com insulina e pau ferro; gastrite com infuso de casca de jatobá, etc. Não existia doença ou mal estar que não tivesse cura através de chás e infusos produzidos por folhas, raízes, casca e  lascas de madeira. Coisas mais simples como mau olhado, espinhela caída, quebranto e depressão logo desapareciam quando a famosa benzedeira passava o ramo, usando galhos de pinhão roxo, arruda e outras plantas. Até mesmo bicheiras no gado, picada de cobra e de “bespa oropa” (abelha africana), não resistiam às suas fortes orações.
Gozava, pois D. Zélia Benzedeira de fama plenamente justificável, pelo que muita gente a procurava na fazenda, para a cura de seus males. Além de fama D. Zélia Benzedeira acumulou fortuna.
No tratamento de dois grandes males ela se destacou – tanto no “levanta moral” quanto na cura da ferroada de arraia.
Para o primeiro mal ela preparava um infuso que consistia na seguinte receita: duas garrafas de vinho branco seco, um pacotinho de casca de catuaba, quatro gravetos de pau-de-resposta, uma porção de maripuama, frutos de jurubeba e uma colher de chá de raspas de “piroca de quati”. Os elementos eram misturados e colocados para curtir por quinze dias e a partir daí bebia-se três doses, diariamente. A recomendação especial é que a “piroca do quati” fosse raspada no sentido do pé para a ponta, jamais da ponta para o pé, pois caso esta hipótese acontecesse o efeito seria inverso.
Para o segundo caso os cuidados teriam de ser maiores. A ferroada da arraia provoca dores lancinantes. Normalmente a vítima tem que ser levada imediatamente a um pronto socorro para tomar soro, antitetânica, fazer rigoroso curativo, tomar anti-inflamatório, antibiótico, antitérmico, etc., pois ao ferir a vítima a arraia injeta uma secreção venenosa través de seu ferrão.
Ocorre que na maioria dos rios da bacia Amazônica existem algumas espécies de arraias, adaptadas ao regime fluvial, que costumam ficar na parte rasa do rio, parcialmente escondidas na areia ou na lama, todas elas possuidoras de ferrão. Quando alguém desavisadamente pisa numa delas recebe imediatamente a dolorosa ferroada. Longe da cidade a única maneira para tratar do ferimento é recorrer aos santos serviços de D. Zélia Benzedeira.
O tratamento consiste no seguinte: a vítima da ferroada vai diretamente até a fazenda da benzedeira ou manda buscá-la para que faça uma aplicação direta da sua genitália (xibiu) no local afetado. Segundo se propaga em toda a região D. Zélia e outras benzedeiras famosas segregam na genitália determinados humores que em contacto direto com o local injuriado produzem um efeito anestésico e cicatrizante. Quando o acidentado chega a famosa Benzedeira coloca diretamente o xibiu no local afetado e deixa que os santos untos realizem o milagre de  minimizar a dor e permitam a cicatrização. Embora a dor passe quase imediatamente (cerca de meia hora) a cicatrização só se realiza alguns dias depois, com a renovação do tratamento. Quando o ferimento ocorre em local difícil de receber a aplicação direta D. Zélia usa um expediente bem interessante: manda colher algumas folhas do “olho” da umbaúba branca, umedece no xibiu e aplica no local afetado, produzindo o mesmo efeito. Em alguns casos, quando o cliente fica em sua própria casa e a Benzedeira não pode se deslocar até lá utiliza-se essa alternativa. Também a segunda hipótese funciona quando a mulher do injuriado é muito ciumenta – lá vai a folha do broto da umbaúba branca impregnada dos santos untos de Dona Zélia Benzedeira.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A FACE HILÁRIA DA CIDADE

O JURADO


 A figura enfocada no presente capítulo é, sem qualquer dúvida, uma das mais notáveis da história de Itabuna. Trata-se do Coronel Tertuliano Guedes de Pinho – o Cel. Terto – cidadão altamente conceituado na vizinha cidade e dono de respeitável fortuna.
O cel. Terto era proprietário de uma enorme fazenda situada entre Itaju do Colônia e Itauna (hoje Itapé), com mais de dez mil hectares, produzindo cerca de vinte mil arroubas de cacau e com mis de dez mil cabeças de gado (leiteiro e de corte), na localidade Riacho de Areia. Além desta fazenda possuía duas outras situadas nos arredores de Itabuna. Uma, a Burundanga, que ficava à margem direita do rio Cachoeira, estendendo-se para os lados de Itapé, onde construiu um imponente palacete (sua casa residencial) e onde hoje se situa o campo de aviação  e a outra, à margem esquerda, onde hoje está implantado o bairro São Caetano .
Embora de cor negra, o coronel era altamente prestigiado pela sociedade local e em toda a região. Participava ativamente das atividades sociais e políticas, sendo considerado um progressista. Super educado e com a fortuna que possuía não tinha dificuldades em arrumar algumas aventuras amorosas fora do casamento. Embora discreto, mantinha um bom número de amantes.
Participava de todos os acontecimentos sociais importantes da cidade e da região, além de manter importantes  contactos com políticos, inclusive interventores  estaduais (governadores estaduais), nomeados pela presidência da república (período da ditadura), deputados  e senadores. Nas campanhas políticas seu apoio era decisivo, pois além da ajuda financeira utilizava seu prestígio pessoal, influenciando seus amigos e pessoas que lhe deviam favores.
Integrava a relação de jurados, que eram pré-selecionados entre as pessoas notáveis de Itabuna. Aliás, já havia algum tempo que não se realizava uma sessão de júri na cidade. Um novo magistrado foi promovido para a vara crime e logo cuidou de marcar uma sessão especial, de julgamento de réus cujos  processos  estavam  concluídos . Entre os processos constava um de um  jovem que cometera um  crime de homicídio, de grande repercussão. No dia do julgamento desse caso o Cel. Terto chegou cedo à sala do júri, procurou os advogados de defesa e o promotor público – com quem mantinha excelente relacionamento - e lhes pediu que o recusassem, caso fosse sorteado. Procedido o sorteio o coronel entrou no rol dos jurados sem que a acusação e a defesa o recusasse.
Antes da leitura do processo e ouvida de testemunhas o cel. Terto levantou-se e dirigindo-se ao juiz solicitou sua dispensa do encargo. O magistrado respondeu-lhe que não poderia dispensá-lo nem a qualquer outro jurado, a não ser que estivesse legalmente impedido de funcionar.  É este o meu caso, disse o coronel. Qual é o seu impedimento? Retrucou o juiz. Infelizmente eu não posso declarar o motivo (disse o coronel). Imaginando que o jurado não conhecia bem os impedimentos de natureza legal, perguntou o magistrado: “O senhor é parente até terceiro grau, amigo íntimo ou inimigo do réu ou da vítima?” Não Meritíssimo “(respondeu).” Tem interesse econômico ou moral no deslinde da causa”. (reinquiriu?). Não senhor Juiz (tornou a responder o coronel). “Então V.Sa., não tem qualquer tipo de impedimento legal” (disse o juiz).” Tenho sim” – retrucou o coronel. Irritado o juiz disse: “O senhor quer dizer a mim quais são os impedimentos legais? Eu sou o juiz e ninguém sabe melhor que eu este assunto. O senhor não está impedido coisa nenhuma. “Diga qual é o impedimento ou mando lhe prender”. Senhor juiz eu não estou duvidando do seu saber  ou desfazendo da sua autoridade. O Tribunal de Justiça da Bahia não promoveria para uma comarca importante como a de Itabuna um juiz que não fosse competente, culto e com experiência. Em nenhum momento coloquei em dúvida o saber ou a autoridade de V. Exa., porém  reafirmo – estou impedido de funcionar como jurado, neste processo. Mais irritado ainda o juiz determinou ao oficial de justiça e a um policial, que se encontravam no recinto, que prendessem e conduzissem o coronel à Cadeia Pública caso ele não dissesse, em voz alta, qual era seu impedimento. O coronel  Terto levantou-se e disse: Senhor Juiz, vossa excelência poderia ter-me poupado deste vexame e do mal estar que a minha declaração vai causar. Por favor não entenda como desrespeito. Repito, estou impedido. EU COMO A MÃE DO RÉU.    

sexta-feira, 10 de junho de 2011

CURSO DE CULINÁRIA

A solenidade de encerramento do curso de culinária, de peixes e frutos do mar, promovido pela MARAMATA, sob a orientação deste blogueiro, ocorreu ontem, dia 09/06, às 19hs, no restaurante Dom Eduardo, no Parque de Exposições. Compareceram ao ato festivo o prefeito municipal Newton Lima, o vereador Marcos Flávio, representantes da imprensa regional e convidados dos catorze concluintes do curso. O prefeito municipal procedeu a entrega dos diplomas e brindes (conjunto de facas) oferecido por Supermercados Meira e encerrou a parte formal da solenidade. Usaram da palavra o monitor do curso, os alunos Dra. Nélia Maria Santos de Oliveira Hudson (juíza do Trabalho) e Walmir Rosário (Assessor de Imprensa do Município de Ilhéus) e o prefeito Newton Lima. A seguir foi servido um jantar preparado pelos concluintes do curso, composto de quatro entradas e um prato principal: Guacamole com camarões (cozinha mexicana), Ceviche de peixe (cozinha peruana), Iscas de peixe com molho Bourguinone (cozinha francesa) e Crostine de frutos do mar (cozinha italiana); o prato principal foi a tradicional Moqueca de arraia com banana-da-terra cozida e pirão de farinha de mandioca com camarões cozidos. Um novo curso, sob o mesmo tema, tem seu início previsto para o mês de julho. As bebidas foram patrocinadas por C.M. Distribuidora de Bebidas Ltda. As aulas do curso ocorreram na cozinha do Restaurante Don Eduardo, onde também aconteceu a solenidade de encerramento.
 Um novo curso está previsto para ter início no mês de julho. As matrículas serão encerradas no dia 27 e haverá reunião com os alunos no dia 29 do corrente para definir dias, horário e cardápio.  O proprietário do Hotel Jardim Atlântico (o amigo Júnior) franqueou as dependências do aludido hotel para a realização do curso.
 Após o encerramento do segundo curso serão abertas para um novo em local a ser escolhido. No próximo ano haverá novos cursos versando sobre carnes, aves, massas e caças (animais silvestres criados em cativeiro ou a oficialmente permitida pelo IBAMA).
A MARAMATA estará discutindo com o prefeito a possibilidade de implantar curso especial de música instrumental, voltado para jovens estudantes de baixa renda bem como a formação de um coral. Estarei estabelecendo contacto com o maestro Leto Nicolau visando sua colaboração para tal iniciativa que, sem qualquer dúvida,  contribuirá para estimular a formação de novos talentos da nossa Cidade. Tal tipo de atividade, também, está prevista no item I do Art. 2º, Capítulo II, do Estatuto da entidade.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

OS INVENTORES DE VERDADES

O GATO PESCADOR

Hoje vamos focalizar uma historia interessantíssima que me foi contada por Cláudio, ex-gerente da náutica do “Iate”, quando do retorno de uma pescaria exitosa realizada na Beirada da Canoa.
Cláudio fez o seguinte relato: “Meu pai era administrador de uma fazenda, nas margens do rio Almada, antes de Aritaguá. Havia na margem do rio uma extensa área manguezal que adentrava boa parte da terra firme. Além do trecho normalmente inundado havia outra parte aonde a água só chegava por ocasião das enchentes das marés, especialmente nas de águas vivas, isto é, nas marés de lua nova e de lua cheia. Como vocês bem sabem os manguezais além de funcionarem como filtros, melhorando a qualidade da água, também realizam a função de berçário de diversas espécies ictiológicas e de área de alimentação. Durante as enchentes das marés muitas espécies de peixe os adentram para alimentar-se, inclusive de peixes de pequeno porte. É muito freqüente após a rápida descida das águas (nas vazantes das marés) alguns peixes que perdem o “time” ficarem aprisionados em pequenas poças d’água e se não forem auxiliados por pessoas que os devolvam ao curso do rio terminam por morrer. Quando quem os encontra nesta situação não tem consciência ecológica seu destino é a panela.
Pois bem, meu pai era um homem rústico que não teve a oportunidade de ser educado com tal tipo de conscientização e caso encontrasse um peixe nesta situação normalmente o levaria para casa, para melhorar sua dieta de proteínas. Além disso, havia um fato muito interessante. Meu pai tinha um gato preto, muito esperto cujo nome (coincidentemente) era Bichano. Este gato desenvolveu uma enorme habilidade. Todas as vezes que ocorria uma maré grande, com inundação da área interna do manguezal, ele se deslocava até lá e caçava os peixes (especialmente tainhas) que ficavam aprisionados nas poças. De início Bichano apenas comia os peixes até se fartar, porém depois meu pai passou a acompanhá-lo exatamente quando a maré começava a vazar e pegava o excedente das capturas realizadas. Com a prática Bichano adquiriu o hábito de levar para casa o excedente de suas pescarias, independentemente da presença de meu pai. As habilidades de Bichano não ficaram por aí, seu organismo desenvolveu um sentido especial que se manifestava por ocasião das conjunções das luas nova e cheia.
Bichano, exatamente na véspera, dia exato e seguinte, quando ocorrem as marés de grandes amplitudes, ficava com os pelos eriçados e miava repetidamente, como se estivesse convidando uma parceira no cio para as labutas da reprodução. Por volta das nove e meia da manhã e das vinte e trinta da noite (hora da baixa-mar) Bichano já estava perto das poças, para retirar os peixes descuidados. Claro que não saia de casa na hora exata, tomava a cautela de dirigir-se para os locais de captura cerca de uma hora antes, pois poderia ocorrer um maior ou menor volume de água, a depender da força dos ventos. Além disso, alguns locais secavam primeiro e ele não queria perder espaço para os guaxinins e as raposas, que também pegavam peixes, eventualmente.
As habilidades halieuticas de Bichano se desenvolveram da tal maneira que ele além de levar sempre o excesso de suas pescarias para casa, passou a fazer sinal para meu pai, para acompanhá-lo, sempre que havia excesso de peixes. Desse modo a colaboração para aumentar o estoque de alimentos em casa de meu pai passou a ser tão grande que houve necessidade de salgar os excessos, para fins de conservação.
A habilidade de Bichano passou a ser essencial para a economia de meu pai, que passou a dispensar-lhe cuidados especiais: visitas ao veterinário, medicação especial, quando necessário, comida balanceada, etc. Tudo necessário e até mesmo coisas supérfluas passaram a constar das atenções para com Bichano.
Além disso, visando melhorar ainda seu desempenho, meu pai desenvolveu uma panacéia específica para as unhas de Bichano. Retirava tintura da casca do mangue vermelho, misturava com leite da mangabeira, resina de eucalipto e mais dois outros elementos que mantinha em segredo. Este preparado era aplicado nas unhas de Bichano e elas ficavam mais longas, fortes, afiadas e um pouco mais recurvadas e bastante duras (à semelhança de um anzol forte e bem afiado).
Quando Cláudio acabou de contar as façanhas de Bichano eu passei ter um interesse especial na panacéia. Eu mesmo, caminhando para os oitentinha, poderia beneficiar-me do novo enrijecedor, sem submeter-me ao risco de óbito (com tem ocorrido com freqüência com os usuários de alguns estimulantes). Além do uso pessoal eu pretendia  patentear o produto e passar a fabricá-lo. Afinal de contas esta seria a grande oportunidade de voltar a ser rico, depois da derrocada do cacau, com o advento da vassoura-de-bruxa.
Pedi a Cláudio de me apresentasse a seu pai, pois pretendia propor-lhe o negócio pessoalmente. Claudio deu-me então uma desanimadora notícia. Seu pai havia falecido há dois anos e não revelara a formula do enrijecedor  de unha a ninguém.
Fiquei profundamente triste com a notícia pois além de perder a oportunidade de voltar a ser rico deixei, também, de proporcionar aos sexagenários a chance de voltar a desempenhar o salutar esporte, conhecido como atletismo de alcova, sem os riscos de morrer num motel após vacinar-se com um comprimido “azulzinho”.

terça-feira, 24 de maio de 2011

ESPAÇO VERDE

LIXO

Uma das grandes preocupações do mundo moderno é com a produção exagerada de lixo e sua disposição final. A ausência de cuidados especiais, inclusive a falta de aplicação de tecnologias  adequadas, resulta na ocupação tumultuada de áreas próximas de importantes centros urbanos (tornando-as insalubres) além de poluir rios, o mar e contaminar o lençol freático.  Até mesmo o manejo bem feito, com o estabelecimento de aterros sanitários que atendam as normas recomendadas, implica na inutilização de áreas que poderiam ser utilizadas na expansão urbana.
Muitos países do mundo já estão utilizando técnicas modernas de manejo, com reutilização de grande parte dos rejeitos e transformação de vários elementos altamente tóxicos e contaminadores em gazes que podem ser utilizados em vários setores da indústria. Tal processo resulta de superaquecimento provocado por reatores. Este processo é chamado de tochas e no ano passado foi feita uma demonstração na UESC, por uma empresa de São Paulo. À medida que a temperatura vai se elevando alguns tipos de gás vão sendo liberados e aprisionados.  Tais gases tem utilização variada em determinado tipo de produtos industrias.
Baixemos, entretanto à nossa realidade. Não temos sequer um aterro sanitário funcionando de modo adequado. A CONDER está colaborando com a Prefeitura de Ilhéus tentando transformar o lixão do Itariri num aterro sanitário, porém o projeto está sofrendo grande atraso. Mesmo que o aterro venha a funcionar corretamente ainda assim teremos grandes problemas. Manejo de lixo é muito caro e não depende apenas do poder público. Coleta seletiva ou no mínimo discriminada (separar o orgânico do reutilizável ou reciclável) não se implanta sem efetiva participação e colaboração da comunidade.  Projetos desta natureza devem ser precedidos de amplas campanhas educativas, inclusive utilizando-se os espaços institucionais nas rádios, jornais, televisões e hoje, especialmente, na INTERNET.
Se quisermos colaborar com o poder público deveremos separar todo o lixo orgânico e se possível  fazer compostagem em nossos quintais. Caso não possuamos tal espaço separá-lo para que o município tome tal providência em seu aterro. Tal técnica necessita ser imediatamente implantada nos distritos e povoados, já que a administração municipal não dispõe de patrulhas mecanizadas em tais áreas.  Por outro lado, nas áreas rurais praticamente todos os moradores possuem quintais nas suas residências.  Na minha casa e no meu sítio já uso tal método há muito tempo.
Em futuras matérias estaremos orientando nossos conterrâneos a fazer compostagem e reutilizar óleo de cozinha.  

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A FACE HILÁRIA DA CIDADE

O ESTIVADOR

O antigo porto de Ilhéus, situado na enseada do rio Cachoeira recebeu, durante um considerável período, navios de grande porte, tanto de passageiros como cargueiros, até que a barra do morro de Pernambuco sofreu considerável assoreamento, inviabilizando o acesso. Os cargueiros, em sua maioria, eram de bandeira sueca, embora outros americanos, russos, holandeses, etc., também aqui aportassem. Tais navios transportavam especialmente cacau para a Europa. De um modo geral todos esses navios eram chamados pela população de suecos, independentemente das suas nacionalidades.
O personagem principal enfocado nesta história é o ilheense Oseas, mais conhecido pelo apelido de SUECO. Ele era um dos mais de vinte filhos de prolífico cidadão que se relacionou com várias mulheres. O próprio Sueco dizia desconhecer todos os seus irmãos e contava uma passagem superinteressante. Dizia que seu pai tinha tantas mulheres que uma delas era ao mesmo tempo sua mãe e sua irmã, e explicava: “Meu pai relacionou-se com uma mulher que já tinha uma filha, quase da minha idade. Rompeu tal vínculo e passou a viver com a enteada. Desse modo a esteada que era minha “irmã” ao mudar de “status” passou a ser minha “mãe”.
O apelido sueco deveu-se ao fato de Oseas na adolescência frequentar o cais do antigo porto e relacionar-se com os marinheiros dos diversos navios, prestando-lhes vários favores. Vendia ou trocava whisky por álcool (os russos, especialmente, só gostavam de bebida forte e chegavam a beber a bebê-lo com 90º. Além disso, os levava para o brega (Rua do Dendê e do Sapo) onde servia de intérprete). Foi desse modo que aprendeu a falar inglês e que ganhou o famoso apelido. Tornou-se tão conhecido entre os marinheiros estrangeiros e até mesmo da oficialidade que conseguiu embarcar como clandestino num navio de bandeira americana e chegar aos Estados Unidos. Lá conseguiu seu primeiro emprego num restaurante, onde começou descascando batatas e fazendo outros serviços como auxiliar de cozinha, passando a cozinheiro e garçom, Este restaurante tinha uma peculiaridade. Eram os próprios funcionários responsáveis pela apresentação dos shows. Desse modo Sueco aprendeu a sapatear, tocar piano, bateria e a imitar cantores famosos como Bing Crosby, Perry Como, Frank Sinatra, Tony Benett, Frank Lane, Billy Eckstine, Louis Armstrong e Gene Kelly. Contava que lutou na guerra da Coréia como voluntário. Após a guerra veio para Santos, onde entrou para a estiva.
Eu o conheci aqui em Ilhéus, na época do jogo, que funcionava nas boates do Ilhéus Hotel, O.K., e Vogue. Onde ele estava sempre havia uma grande concentração de pessoas ouvindo atentamente suas histórias. Ele dramatizava as narrativas, fazendo gestos largos, expressões faciais correspondentes à sua atuação ou de qualquer outro personagem da história, franzindo o cenho, escancarando o sorriso, fingindo chorar, dando rasteira, soco, pontapé, escorregando, fugindo, etc. Cada passagem era interpretada até com voz especial para cada participante da história. Outra peculiaridade digna de menção é que ele quando contava qualquer caso em que era personagem sempre levava desvantagem. Se era briga, apanhava, em negócio, tinha prejuízo, com mulheres sempre era passado para trás. Sem contar vantagem conseguia sempre atrair simpatia dos seus ouvintes. Na boate “OK” sempre o encontrava ou após o término do show costumava jantar no seu restaurante Blue Moon, na Rua do Sapo.  O aludido restaurante só preparava filé mignon com acompanhamentos diversos. Os principais pratos eram o “Tornedos à Rossini”, “Chateaubrind”, “Scalopini”, “Poivre ao Madeira” “À Oswaldo Aranha” e “Roncolho” (este era uma filé com fritas, arroz e apenas um ovo). Os pratos eram preparados por ele mesmo, que tinha uma habilidade enorme para apresentar inovações, especialmente na feitura de batatas. Foi a primeira vez que vi batatas “Rostie” além de outras variedades que não conhecíamos por aqui.
Quanto a maneira de trajar era também bastante original e exótico. Seus ternos eram normalmente de cores claras (branco, creme, cinza, lilás, etc.), os tecidos eram o linho, rayon, “Palm Beach” e “Panamá”. As gravatas eram bem espalhafatosas, com motivos havaianos: mulheres nuas, coqueiros, sufistas e coisas do gênero. Quando trajava esporte usava “jeans” e camisas do gênero das gravatas. No bolso do paletó pendia sempre um lenço que mais parecia uma gaivota em pleno voo – lembrando o saudoso Nagib Daneu.
Foi mais ou menos nessa época que apareceram por aqui George Green (famoso cantor panamenho, de calipso, salsa, merengue e outros ritmos caribenhos) e sua companheira, a portenha Anita, que era dançarina solo. Ambos se apresentavam na “OK” em shows separados e tinham uma legião de fãs. Após concluir o tiro de guerra fui estudar no Rio de Janeiro e morei na Rua Paula Freitas, no ap. nº 509, do Edifício Newton, passando a vir a Ilhéus apenas nas férias, onde encontrava ocasionalmente Sueco. No mesmo prédio em que eu estava morando no Rio, moravam George Green e Anita, no apt. 705. George se apresentava às noites do “Scotch Bar” e também integrava o show da Boate Night and Day, dirigido pelo  famoso Carlos Machado. Num determinado dia eu voltava para casa e saltei de um lotação na esquina da N.S. de Copacabana com Paula Freitas, quando encontrei Sueco no boteco “Caruso”. Ele fez uma festa enorme e me convidou para tomar um chope, dizendo ter muitas novidades para me contar. Começou a narrativa: “Olha Antônio, outro dia encontrei aqui mesmo nesta esquina Anita, a mulher George Green. Convidei-a para um chope e batemos longo papo. Perguntei-lhe por George e ela me disse que estavam separados. Ele estava morando com uma mulata, passista da Portela, que também se apresentava no show de Carlos Machado.” Depois de bebermos vários chopes ela me convidou para beber um “Cuba Libre” em seu apartamento. “Lá chegados serviu os drinques e ligou o som, colocando discos de música caribenha (mambos, rumbas, guarachas, salsas, calipsos, merengues). Bebemos bastante dançamos. Em determinado momento, quando estávamos sentados no sofá da sala ela, absolutamente de inopino, pegou meu bilau e beijou no capricho. Eu tomei um grande susto, porém logo me recompus. Por uma questão de princípio não gosto de ficar devendo favor a ninguém. Fiel aos meus princípios, BEIJEI-LHE A XERECA.       

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A FACE HILÁRIA DA CIDADE

O BRINDE
Na famosa fase áurea do cacau os coronéis (da Guarda Nacional) desfrutavam de enorme prestígio. Nenhum evento importante se realizava sem a presença de alguns deles, que eram convidados especiais. Até mesmo em festas de casamento, noivado, aniversários, qualquer tipo de comemoração pública ou particular, não se dispensava a presença deles.
Numa determinada festa de casamento, sem qualquer consulta prévia, os pais dos nubentes anunciaram que o coronel Brederodes faria um brinde ao novel casal. Ocorre que o aludido coronel era semianalfabeto tendo, consequentemente, enorme dificuldade de falar em público, principalmente de improviso. Entregaram-lhe a taça de champanhe e na hora de falar lá vem a dificuldade. Querendo dizer que a missão que lhe foi confiada era muito árdua e que tentaria superar as dificuldades para desincumbir-se do honroso encargo, começou: “Dura, dura, muito dura. Espinhosa, espinhosa, muito espinhosa.” Queria dizer que a missão era difícil, enquanto esperava que lhe viesse inspiração para formular a mensagem. A inspiração, entretanto, não chegava e ele continuava: “Dura, dura, muito dura. Espinhosa, espinhosa, muito espinhosa.” Ao repetir pela terceira vez o refrão: “Dura, dura, muito dura. Espinhosa, espinhosa muito espinhosa”, foi surpreendido (ele e todos os circunstantes) com a intervenção do irreverente e desbocado Coronel Eustáquio Fialho, (que raramente estava sóbrio), que “berrou” bem alto: “ISTO É PICA DE GATO”.
Desnecessário será dizer que a recepção acabou em confusão e briga.

A SUBLIME ARTE DE DIZER BESTEIRAS

CAUSOS DE GABRIEL
Eleito deputado estadual Gabriel notabilizou-se pela maneira folclórica de apresentar seus discursos, indicações, requerimentos e projetos de lei. Quando ocupava a tribuna os assessores e demais funcionários lotados nos gabinetes dos outros deputados apinhavam-se nos balcões para ouvi-lo. Certa feita ele apresentou um projeto de lei, que considera de grande importância, e pediu aos seus colegas de bancada que o apoiassem. A liderança da oposição negociou com a bancada governista, que se comprometeu a aprovar o projeto de Gabriel, caso aprovássemos a relação de conselheiros (Conselho de Cultura do Estado) remetida pelo Governo do Estado. Firmado o compromisso a oposição votou favoravelmente na relação dos conselheiros do governo, porém o Governador do Estado fechou questão em relação ao projeto de Gabriel, alegando que lhe era prejudicial politicamente. Apenas o líder do governo votou a favor – o líder da época era o deputado Luiz Eduardo Magalhães – que alegou que assumira o compromisso em nome da bancada. Revoltado com a posição assumida pela situação Gabriel foi à Tribuna e baixou “o pau” nos governistas, acusando-os de carneiros do Governador – João Durval Carneiro. Raimundo Sobreira, que era seu grande amigo, quis justificar sua posição alegando tratar-se de questão fechada, do ponto de vista partidário, e solicitou um aparte. Gabriel negou o aparte dizendo: “Não concedo aparte nenhum; V.Excia., é um Judas Carioca”.
De outra feita ele apresentou uma indicação solicitando do governador providências nop sentido de recuperar um trecho de uma rodovia entre duas pequenas cidades onde ele tivera expressiva votação. Como o presidente da Assembléia Legislativa era seu amigo e levou a matéria à votação ele o procurou e perguntou-lhe a razão daquela atitude. O Presidente respondeu-lhe que “era para evitar constrangimentos”. Constrangimento Cuma? Perguntou. O problema é que a indicação estava plena de erros de português e o Presidente quis evitar o desgaste do colega, porém, delicadamente, disse; ”Olha Gabriel ainda que nós deputados votássemos favoravelmente e Governador não teria condições de atender seu pedido”. Como assim? A estrada só tem dezessete quilômetros e o investimento era muito pequeno. O Presidente finalizou: “Não seria possível conseguir o material específico em quantidade suficiente, você pediu para ENCASCARALHAR a estrada”.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A SUBLIME ARTE DE DIZER BESTEIRAS

OS IRMÃOS CUMA

Ferdinando e Gabriel Gonçalves notabilizaram-se na região de Gameleira e seu entorno pelo besteirol, principal característica de seu modo de falar. Entre outras coisas perguntavam: “Cuma”? Ao invés de Como?. Daí o apelido do sobrenome.
CAUSOS DE FERDINANDO

Ferdinando construiu uma mansão numa das suas fazendas e, impressionado com a piscina com ondas de Brasília, instalou uma na área de lazer da imponente casa. Querendo dotar a nova construção de decoração adequada convidou o escultor Raimundo Teixeira e o incumbiu de tal mister. Raimundo falou-lhe: “Olha Ferdinando eu sou apenas escultor, portanto poderia apenas responsabilizar-me pela feitura de algumas esculturas, para decorar alguns ambientes da casa. Quanto à decoração propriamente dita, você deverá procurar um especialista, de preferência que lhe conheça bastante; para que possa adequá-la à sua maneira de viver – ao seu estilo. Caso queira contratar algum estranho tenha o cuidado de convidá-lo para passar pelo menos uns quinze dias consigo, para que ele possa perceber seu gosto e seu modo de viver. Só dessa maneira ele poderá decorar sua mansão adequadamente. Não tomando tal cautela corre o risco de a decoração sair ao gosto do decorador e você sentir-se um estranho na sua própria casa. A decoração perfeita é aquela que reflete o gosto, a personalidade e a maneira de viver do dono da casa.
O que eu posso fazer é ajudá-lo na aquisição de algumas obras de arte. Por sinal no próximo dia 16 haverá um leilão de obras de arte em São Paulo e, caso você queira, posso ajudá-lo na aquisição de algumas peças.
Chegando ao local do leilão Raimundo recomendou-lhe muita cautela, pois no meio de peças de valor entrava muita coisa falsificada e alguma bagulhada. Só faça qualquer lance quando eu lhe der um discreto “cutucão”. Iniciado o leilão o leiloeiro começou com um jogo de porcelana chinesa da Dinastia Ming, seguiu-se uma escultura etrusca, vasos da civilização Minóica, tapetes persas, etc. Ferdinando olhava para Raimundo que continuava impassível (não gosta das peças apresentadas). A determinada altura o leiloeiro disse: “Senhoras e senhores, este é o momento culminante deste leilão. Guardamos esta preciosidade para o final. Trata-se de um óleo sobre tela do maior pintor clássico do mundo, nem mesmo Michelangelo Antonioni lhe igualou em talento. Além de pintor destacou-se em escultura, humanidades, de um modo geral, ciências, etc. Virando o quadro para o lado onde estavam Ferdinando e Raimundo disse: Trata-se de um Leonardo da Vinci. Neste momento Raimundo aplicou discreta cutucada em Ferdinando, que se levantou e disse: “Se Leonardo dá vinte Ferdinando dá trinta.”
De outra feita, Ferdinando pediu a Raimundo para acompanhar sua segunda esposa a uma viagem à Europa, enquanto ele ficaria fazendo campanha para deputado federal na região de Gameleira e cidades circunvizinhas como Jacarandá, Juerana, Peroba, Maçaranduba, etc. Numa determinada tarde Raimundo telefonou de Barcelona avisando que estiveram numa exposição de pintura e ele aconselhara sua mulher a adquirir uma obra de arte por preço de ocasião. A compra tinha sido feita por um preço inferior a cinco vezes o valor real – tratava-se de um valioso PICASSO. Ferdinando disse-lhe: “Olha Raimundo, eu não quero ficar por baixo nesta história não. Compre um BUCETAÇO para mim.”
Certo dia fui convidado para uma entrevista numa rádio de Gameleira – ocasião em que disputava uma eleição para deputado estadual e havia um surto de cólera morbus na região. Ferdinando estava concedendo uma entrevista sendo acompanhado por sua Assessora de Comunicação. Declarou: “Precisamos urgentemente resolver o problema desta epidemia. Temos que combater, sem trégua, o EMBRIÃO COLÉRICO. A assessora “soprou” discretamente: Vibrião Colérico. Ferdinando retrucou: Pouco importa se Embrião ou Vibrião, eu quero mesmo é destruir esta praga”.
Ferdinando estava na lanchonete da Câmara dos Deputados, em Brasília, em companhia do seu colega alagoano José Thomaz Nonô, quando pediu um pastel e um copo de leite. Partiu e esmagou o pastel colocando-o dentro do leite. Mexeu, com uma colher, e bebeu o leite misturado com os pedaços de pastel. Nonô, intrigado, perguntou: “Ferdinando, que moda é esta?”. RESPOSTA: “O médico recomendou que só tomasse leite PASTERIZADO”.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A IMPORTÂNCIA DO VOTO

Há poucos dias, quando lia um trabalho do colega Gustavo Kruschewsky, honrado que fui com a distinção escrever o prefácio, deparei-me com as ponderações respeitáveis do autor a respeito do despreparo da maioria dos prefeitos e vereadores para o exercício dos aludidos cargos. Relativamente aos executivos chega a sugerir a obrigatoriedade de curso especial preparatório para o exercício de tão complexo “múnus”. Quanto aos edís, pondera que os eleitores deveriam ser mais responsáveis ao escolhê-los, evitando povoar as casas legislativas com indivíduos inteiramente despreparados, que se limitam (quando muito) a apresentar moções (de pesar e aplausos), indicações, atribuir nomes a logradouros públicos e conferir títulos de cidadão (até mesmo para pessoas merecedoras).
Quanto aos prefeitos entendo que o eleitor deve ter cuidados redobrados quando da escolha, pois se votar num indivíduo desonesto ou despreparado verá sua cidade sofrer, pelo menos, por quatro anos (no caso do despreparado), ou por vinte ou mais anos, no primeiro caso. Tais indivíduos preocupam-se tão somente em superfaturar obras, para guardar recursos para as futuras campanhas (reeleição, de deputado estadual, federal, etc.) pessoais, de parentes ou de apaniguados. Além de produzir tais mazelas favorecem vereadores de seu grupo ou dos que se deixam cooptar com facilidade, corrompem parte da imprensa falada e escrita, empregam parentes, constroem casas ou fornecem materiais para seus protegidos, etc. etc. O pior é que permanecem por muito tempo no poder em razão de tal tipo de conduta. Os que se deixam corromper ou “as moscas do poder” querem vê-los perpetuados, pois desse modo continuam também levando vantagens.
  O despreparado é logo notado, pois imediatamente percebemos sua inaptidão para administrar a coisa pública. Falta-lhe embocadura para lidar com os problemas políticos e administrativos, além de não saber resolver até mesmo as coisas rotineiras.  O lixo acumula-se nas ruas, os buracos se sucedem no sistema viário principal, a iluminação pública apresenta deficiências, etc. etc. Nem mesmo o secretariado é bem escolhido.
O despreparado, entretanto é menos nocivo. Sendo logo identificado, causa apenas malefícios pelo espaço de tempo do seu mandato, quando não é cassado antes. Já o “sagaz” engana por muito tempo e se não houver por parte da população consciente uma campanha sistemática de moralização e de repúdio por tal tipo de atitude ele se perpetua no poder por muito tempo (diretamente ou através de sucessores do mesmo naipe).
No próximo ano teremos eleições municipais. Não custa refletir sobre o tema. Lembre-se bem: Se o seu filho estiver doente você não vai procurar um médico incompetente, procurará se possível, o melhor. O mesmo acontece se você estiver necessitando de um dentista, de um advogado, etc. Sem dúvida procurará sempre um profissional de bom nível.
PERGUNTAMOS AGORA?
Se temos tal cuidado ao escolher um profissional para cuidar dos nossos interesses ou da nossa saúde, porque não agir do mesmo modo, ou até mesmo de modo mais criterioso, se vamos escolher o dirigente máximo de nossa cidade, ou dos que vão legislar por nós ou fiscalizar nosso prefeito?

A IMPORTÂNCIA DO VOTO

DEPUTADOS ESTADUAIS E FEDERAIS
Embora tão importante ou mais quanto o voto para vereador, a grande verdade é que a maioria da população valoriza muito pouco os votos dados para deputado estadual e federal. Pesquisas divulgadas recentemente demonstram que boa parte dos eleitores não se lembra em quem votou na última eleição para representá-los na assembléia legislativa e na câmara federal.
Se tal fenômeno acontece a nível nacional imagine o que não ocorre nos pequenos centros, inclusive na nossa cidade. Além de não se lembrar dos votos dados aos deputados estaduais e federais os nossos eleitores, na sua esmagadora maioria, votam em candidatos de fora – que nada conhecem dos nossos problemas e não têm qualquer compromisso com nossa cidade e mesmo pela região. Ilhéus poderia ter o mínimo de três deputados federais e seis estaduais. Dirão alguns que não teríamos tanta gente capaz entre os nossos conterrâneos. Discordo. Porém ainda que não tivéssemos seria melhor votar num candidato daqui que num outro de fora. Se o daqui for muito ruim ainda assim é melhor votar nele. Sabemos onde ele mora e poderemos cobrar, reclamar e, até, xingar. O de fora, ainda que bom, dificilmente defenderá nossos interesses e acresce a circunstância que não poderemos reclamar de sua atuação, pois nem sequer sabemos onde mora. Se o daqui for ruim pelo menos nos livremos dele por quatro anos.
Não bastasse isso fica muito difícil conseguir colocar emendas ao orçamento, consignando obras importantes para a cidade. Coisas como uma segunda ponte, duplicação da Ilhéus-Itabuna, e outras obras de infra-estrutura (contenção de encostas, aeroporto, etc.), são facilmente conseguidas se temos um bom número de representantes na Câmara Federal. Igualmente, relativamente às obras estaduais. Sem deputados não há quem cobre ou mesmo negocie em nome do município. Presidentes e Governadores precisam aprovar projetos e sem os votos dos deputados não os vêm viabilizados. Aí é que entra a força do representante. É evidente que o deputado de determinada região vai lutar pelas obras da área que representa. Ainda que tenha sido votado em outras cidades, na hora do vamos ver prevalece o interesse  pela cidade ou pela região em que vive ou representa. Ilhéus nunca teve um grande número de representantes nas casas legislativas estadual e federal. No máximo dois. Jorge Viana e Medauar (federais) e Antonio Cruz e José Cândido (estaduais). Normalmente um representante em cada casa legislativa.
Enquanto isto Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié e outras cidades grandes têm um grande número de representantes. Nestas cidades não se vota em candidatos de fora. O povo tem consciência desse detalhe e os prefeitos só apóiam correligionários da Cidade. Aquí em Ilhéus os próprios prefeitos e em especial alguns deles votam, indicam vereadores para coordenar campanhas de candidatos de fora e outras distorções desse tipo. Aqui mesmo sabemos de prefeitos que estimularam vários candidatos de fora a fazer campanhas para evitar que lideranças novas surgissem e ele ficasse sem concorrentes, perpetuando-se  no cargo, com enorme prejuizo para a população. Enquanto isto ocorria o patrimônio desses alcaides e de seus fieis escudeiros crescia ine3xplicavel e assustadoramente.
PENSE BEM NISTO ANTES DE VOTAR – A RESPONSABILIDADE É SUA, ALIÁS, NOSSA. ESPECIALMENTE DOS FORMADORES DE OPINIÃO.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A FACE HILÁRIA DA CIDADE

O PROEIRO
 Antes da construção da ponte Lomanto Júnior o transporte de passageiros e cargas entre Ilhéus e Pontal era marítimo, realizado através de lanchas, “besouros” e canoas. Por serem mais rápidas, seguras e confortáveis as lanchas tinham a preferência dos passageiros. No Pontal elas ancoravam (“encalhavam”) na praia, em frente ao atual abrigo de ônibus, fronteiro ao Pontal Praia Hotel, exatamente onde antigamente se situava o armazém de Sebastião Fragoso. Em Ilhéus elas paravam em frente  a escadaria de cimento fronteira ao Ilhéus Hotel, próxima a uma velha ponte de madeira (hoje em ruína). As lanchas eram conduzidas por um “Mestre de Arrais” (encarregado de manobrar a embarcação e acionar o motor) auxiliado por um cobrador e o proeiro.
Ao proeiro incumbia auxiliar na “atracação” (encalhe na areia, colocação e retirada da prancha para embarque e desembarque) e desencalhe quando do trajeto. Tanto nas operações de embarque e desembarque o trabalho do proeiro era muito importante. Portando uma vara forte e pesada ele ia tocando o fundo do mar, para diminuir o impacto do fundo da lancha na areia (Pontal) ou na lama (Ilhéus), quando da atracação e empurrando-a, com as mãos e a própria vara, quando do  início das travessias. Por ocasião dos embarques e desembarques além de colocar uma pesada prancha na proa da lancha ainda auxiliava as senhoras e pessoa idosas, conduzindo-as pela mão ou carregando sacolas, malas e embrulhos. Normalmente os proeiros eram fisicamente fortes e atenciosos.
Entre eles o mais conhecido era Atanásio, antigo morador do Pontal, que exercera a atividade de pescador profissional por muitos anos até conseguir o emprego na SULBA.
Atanásio era quase cafuzo ou curiboca (um misto de índio e negro). Tinha a pele mais escura que a o índio, mas não chegava a ser negro e o cabelo não era encaracolado. A estatura era média, porém de compleição física atlética.
O importante a assinalar na “figura” de Atanásio não era o aspecto físico, mas seu comportamento como pessoa; bom filho, trabalhador, atencioso e muito esforçado. Analfabeto até os quarenta anos matriculou-se numa escola pública no turno da noite e sem faltar a uma aula sequer concluiu o curso primário com distinção. Era admirado pelos colegas, professores, amigos e conhecidos que muito o estimavam. Quando da conclusão da quarta série do primário (à época o primário ia até a quarta série e depois cursava-se o ginasial, após submeter-se ao exame de admissão), aconteceu o fato inspirador desta matéria.
Na conclusão do curso, após as provas escritas e já na parte dos exames orais, apareceu no colégio o Inspetor Federal de Ensino, ligado ao Ministério de Educação, para inspecionar o colégio e apresentar o relatório de fim de ano.
O Inspetor de Ensino era uma figura de grande prestígio na área de educação, possuidor de admirável cultura adquirida durante os muitos anos de seminário, até sua ordenação.
Era o professor Oswaldo Ramos que depois de “deixar a batina” dedicou-se por inteiro ao ensino e ocupou cargos muito importantes na área. Em Ilhéus foi Secretário de Educação várias vezes além de fundador e diretor de diversos colégios.
A professora de Atanásio, figura muito conhecida na Cidade, convidou o professor Oswaldo Ramos para assistir a prova oral do excelente aluno, sem esquecer de informá-lo sobre sua origem e esforço para alfabetizar-se e, mais que isso, tornar-se o melhor aluno da sala. O professor Oswaldo escolheu a prova de História para assistir, pois seria nesta matéria que o aluno poderia demonstrar mais sua capacidade.
A professora, então começou o exame fazendo uma série de perguntas, obtendo as respostas do eficiente aluno, sempre de modo fluente: “Quais os primitivos habitantes do Brasil? “Os índios (respondeu)”. “Quais as principais características dos índios?”.   “Eram nômades”, viviam da caça e da coleta de frutas, tubérculos e raízes alimentícias, atribuíam os principais fenômenos da natureza a várias divindades e eram antropófagos”. O professor Oswaldo, impressionado com a desenvoltura de Atanásio pediu permissão à professora  para fazer-lhe algumas perguntas e pediu-lhe: “Explique o que entende por nômade?”. Ao que Atanásio respondeu: “não têm morada fixa, deslocam-se dentro de determinada área geográfica tendo em vista a abundância de alimentos como caça, frutas, etc., mudando-se sempre que tais recursos naturais ficam escassos”. “Eles acreditavam em Deus?”. “Eles acreditavam, em vários Deuses. Eram politeístas, concluiu”. Meus parabéns, a professora contou-me sua história que é digna de ser seguida por muitos e merece ser publicada, para servir de exemplo. Para concluir: “O que é antropófago”? “É o costume que têm determinadas tribos de comer seus semelhantes”, respondeu. Senhor Atanásio, repito meus parabéns de forma entusiasmada e peço-lhe para citar algumas tribos de índios antropófagos. “Desculpe professor, mas no momento não me lembro de tribos que costumam comer os outros, só me lembro dos que dão”. “Como assim, dos que dão; que tribo é esta”? (perguntou o professor Oswaldo). Ao que Atanásio respondeu enfaticamente. “É A TRIBO DOS XIBUNGOS”.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

ESPAÇO VERDE

CULINÁRIA
É provável que algumas pessoas estranhem o fato de a MARAMATA estar ministrando cursos de culinária. Teria a fundação municipal extrapolado suas funções? Estaria inventado o que fazer? Será que não haveria outras coisas mais importantes a realizar do ponto de vista de educação ambiental?
RESPONDEMOS: O Estatuto da instituição estabelece no CAPÍTULO II – Art. 2º, Item III: “divulgar e apoiar a CULINÁRIA litorânea e demais fazeres e saberes relacionados à convivência do homem com o mar e a mata”. Como se pode observar no texto legal, trata-se de atribuição precípua do órgão realizar tal tipo de tarefa; evidentemente sem descurar das demais finalidades.
Pessoalmente entendi e entendo que nos cabe dar ênfase especial a atividades como esta, tendo em vista a grande vocação turística da nossa Cidade. Não se pode imaginar um pólo turístico consolidado sem tradição gastronômica. No particular, com raríssimas exceções, nossas casas de pasto não oferecem boas opções gastronômicas aos nossos visitantes. Nada aquí tem destaque especial. Se vamos a uma barraca de praia, além do caranguejo e da lambreta, nada se destaca. O que vemos é carne do sol frita, com farofa de manteiga, rodelas de cebola, pimentão e tomate, sobre folhas de alface, o mesmo acontecendo quando se trata de peixe – “Guaiuba frita, com os mesmos acompanhamentos”. Afora isto, lá vão os quibes congelados, à guisa de receita da Gabriela. Ora, se formos a qualquer outra região do país lá encontraremos: “Baião de dois”, no Ceará – “Virado à paulista” ou “Azul Marinho” ou, ainda “Cuscuz Paulista”, em São Paulo – “Feijoada” e “Bife com fritas”, no Rio – “Galinha caipira e Porco a pururuca”, em Minas – “Pato no tucupi” ou Maniçoba”, no Pará – “Pirarucu no capote”, caldeirada de tucunaré ou tambaqui, no Amazonas – “Lagosta grelhada”, em Pernambuco “Peixe na telha” em Goiás – “Javali na brasa” e “Pacu assado”, no Mato Grosso, etc. etc. etc. Sururu no leite de coco ou massuní de moqueca, em Alagoas. Barreado no Paraná. Tainha assada ou Boutarga, em Santa Catarina. Moqueca Capixaba, no Espírito Santo. Enfim, em qualquer lugar que formos encontraremos sempre um prato típico, feito no capricho.
Na Bahia deveríamos nos destacar nas moquecas, vatapá, caruru, etc. Ocorre que tais iguarias são feitas de modo errado, com excesso de dendê e com tal ingrediente saturado. O dendê saturado – queimado- transforma-se em um aldeído chamado acroleína, que além de dar mau gosto à comida, tornando-a amarga e gordurosa, trás enormes malefícios à saúde. Causa gastrites, úlceras, distúrbios intestinais e até, em longo prazo, câncer. A acroleína é um terrível agente cancerígeno. Nossa intenção ao ministrar o curso é alertar para este fato, ensinar como corrigi-lo e proporcionar aos proprietários de bares, restaurantes, hotéis, barracas e, até mesmo a diletantes, condições objetivas de elaborar cardápios variados e de boa qualidade. Embora o número de participantes inscritos seja muito grande são raros os proprietários de bares e restaurantes que aderiram, bem como profissionais da área hoteleira. Acho que eles imaginam que sabem tudo e o que oferecem é de excelente qualidade. Daquí desta coluna estaremos ensinando alguns macetes e oferecendo boas receitas – que não se encontram nos cardápios locais nem mesmo de Salvador.
Colocamo-nos à disposição dos interessados para responder às perguntas que nos forem encaminhadas. Na próxima semana estrearemos nosso Blog – O BLOG DO AOlimpio.blogspot.com.
Na próxima sessão estaremos assinalando todos os defeitos da moqueca tradicional e como corrigi-los, além de listarmos as moquecas “na folha de bananeira ou de patioba” e a moqueca tradicional. Hoje vamos listar, pela ordem, os melhores peixes para a moqueca: Cação sucurupoia, também conhecido por cação perú, ou sicurí de galha preta. Raia amarela, ou manteiga, Cherne, Aracanguira, Fumeiro, Peroá, Badejo quadrado, Raia viola etc.
INGREDIENTES ESPECIAIS PARA AS MOQUECAS
Embora facultativos os ingredientes coentro largo (coentrão, coentro da Índia ou Maranhão), Biri-biri e pimenta de cheiro (doce), emprestam sabor e odor especiais às moquecas.
ORIGENS DA MOQUECA
A palavra moqueca deriva da expressão indígena “moquém”, que significa moqueado. Os índios não conheciam o sal nem dispunham de geladeira. Para não perder os alimentos (caças, peixes, etc.) costumavam enrolá-los em folhas de patioba e moqueá-los nas chamas do fogo. Desse modo conseguiam conservar a peça por até uma semana.
Os africanos contribuíram com o óleo de palma (DENDÊ) e com o côco, originário da Índia e usado na sua culinária.
Finalmente, os portugueses contribuíram com alguns temperos, que trouxeram da Índia, de Gôa e doutras colônias, além dos processos de cozimento usados nas caldeiradas, açordas, etc.
Com o passar dos anos as moquecas ganharam personalidade especial, notadamente na Bahia e no Espírito Santo, ode se distinguem pelo uso do azeite de dendê e do urucum (respectivamente).
Temos visto freqüentemente alguns culinaristas apresentarem receitas de moquecas sem dende, leite de coco e urucum. Entendo que tais pratos deveriam ser chamados de peixadas, pois as moquecas são caracterizadas pelo uso obrigatório dos elementos por eles suprimidos.